Os protestos dos estudantes britânicos contra o plano do Governo conservador de aumentar as propinas e cortar no investimento público na Educação mostram-se hoje mais calmos, mas dezenas de manifestantes continuam a ocupar salas de aulas nas universidades de Edimburgo, Cradiff e Londres.
O Governo condenou o carácter violento de alguns protestos dos estudantes (Foto: David Moir/Reuters)
Um dos cem alunos ainda sitiados esta manhã, desde as 12h30 de ontem na Universidade de Londres, Jonathan Moses, disse ao diário "Guardian" que estão preparados para "ficar [ali] indefinidamente". "O nosso protesto tem dois níveis. Um é local, contra a cumplicidade da Universidade de Londres em prol das reformas do Governo de coligação, e o outro é nacional, instando a uma acção directa contra os cortes que estão a ser coordenados em todas as universidades", afirmou.
Um outro grupo mais pequeno, de cerca de 50 estudantes, ocupava esta manhã uma das bibliotecas da Universidade de Oxford, relata ainda o "Guardian".
Na véspera, os estudantes abandonaram as escolas logo às primeiras horas da manhã, marchando pelas ruas em várias cidades e ocupando edifícios universitários pelo caminho, com os incidentes de violência e tumultos com a polícia a serem registados sobretudo na zona central da capital britânica. Estima-se que mais de 130 mil estudantes se manifestaram ontem, pelo segundo dia consecutivo, por todo o Reino Unido e Escócia, incluindo muitos alunos de liceus, com 13 e 14 anos de idade.
Depois dos incidentes já do dia anterior, os agentes adoptaram ontem uma táctica de “cerco” que manteve os estudantes durante várias horas na Praça do Parlamento e, apesar de “aparentemente ter aumentado a raiva [dos manifestantes], também conteve a desordem”, descrevia o “Guardian”.
Nos distúrbios de ontem ficaram feridas 17 pessoas, incluindo dois polícias, e pelo menos 12 universidades foram ocupadas pelos manifestantes – incluindo a Biblioteca de Oxford.
Durante a madrugada, a polícia montada carregara sobre um grupo de uns mil estudantes perto de Trafalgar Square, os quais em correria pela zona atiraram cadeiras e cones de trânsito para as estradas e quebraram os vidros de algumas lojas e de pelo menos dois autocarros.
O Governo condenou o carácter violento dos protestos dos estudantes, sustentando que as manifestações estavam a ser manipuladas por grupos extremistas. Num tom intransigente, o ministro da Educação, Michael Gove, instou os media a não darem “o oxigénio da publicidade” a uma “minoria violenta” – expressão que evoca declarações da antiga primeira-ministra conservadora Margaret Thatcher, durante a década de 1980, a propósito das acções do IRA.
Mais comedido, o vice primeiro-ministro e líder dos Liberais Democratas (na aliança de Governo com os Tories do primeiro-ministro, David Cameron), Nick Clegg, lamentou profundamente ter que abdicar da promessa feita no período pré-eleitoral de que se oporia a qualquer plano de aumento das propinas.
“Tenho muita pena de não poder cumprir a promessa que fiz, mas – tal como na vida – às vezes não temos controlo total de todas as coisas necessárias a cumprir as nossas promessas. Claro que lamento profundamente ver-me agora nesta situação”, justificou-se durante o programa de rádio da BBC "Jeremy Vine Show".
Clegg, que se tornou no alvo das mais intensas críticas e fúria dos manifestantes, explicou que os Libdem tinham sido forçados a uma coligação de Governo e que o estado das finanças do país está pior do que tinha antecipado, pelo que teve que aceitar “cedências”.
Responsáveis das universidades no país entoaram alertas sobre o impacto “devastador” que pode ter um falhanço na aprovação dos planos do Governo em aumentar as propinas no ensino superior – dos actuais cerca de 3800 euros para uns sete mil ou mesmo dez mil euros anuais. Cameron quer levar este plano a voto no Parlamento ainda antes do Natal.
O director das Universidades do Reino Unido, Steve Smith, alega que sem o aumento dos custos dos cursos ter-se-á que diminuir o número de estudantes no ensino superior, uma vez que as bolsas sofrerão um enorme decréscimo.
Um outro grupo mais pequeno, de cerca de 50 estudantes, ocupava esta manhã uma das bibliotecas da Universidade de Oxford, relata ainda o "Guardian".
Na véspera, os estudantes abandonaram as escolas logo às primeiras horas da manhã, marchando pelas ruas em várias cidades e ocupando edifícios universitários pelo caminho, com os incidentes de violência e tumultos com a polícia a serem registados sobretudo na zona central da capital britânica. Estima-se que mais de 130 mil estudantes se manifestaram ontem, pelo segundo dia consecutivo, por todo o Reino Unido e Escócia, incluindo muitos alunos de liceus, com 13 e 14 anos de idade.
Depois dos incidentes já do dia anterior, os agentes adoptaram ontem uma táctica de “cerco” que manteve os estudantes durante várias horas na Praça do Parlamento e, apesar de “aparentemente ter aumentado a raiva [dos manifestantes], também conteve a desordem”, descrevia o “Guardian”.
Nos distúrbios de ontem ficaram feridas 17 pessoas, incluindo dois polícias, e pelo menos 12 universidades foram ocupadas pelos manifestantes – incluindo a Biblioteca de Oxford.
Durante a madrugada, a polícia montada carregara sobre um grupo de uns mil estudantes perto de Trafalgar Square, os quais em correria pela zona atiraram cadeiras e cones de trânsito para as estradas e quebraram os vidros de algumas lojas e de pelo menos dois autocarros.
O Governo condenou o carácter violento dos protestos dos estudantes, sustentando que as manifestações estavam a ser manipuladas por grupos extremistas. Num tom intransigente, o ministro da Educação, Michael Gove, instou os media a não darem “o oxigénio da publicidade” a uma “minoria violenta” – expressão que evoca declarações da antiga primeira-ministra conservadora Margaret Thatcher, durante a década de 1980, a propósito das acções do IRA.
Mais comedido, o vice primeiro-ministro e líder dos Liberais Democratas (na aliança de Governo com os Tories do primeiro-ministro, David Cameron), Nick Clegg, lamentou profundamente ter que abdicar da promessa feita no período pré-eleitoral de que se oporia a qualquer plano de aumento das propinas.
“Tenho muita pena de não poder cumprir a promessa que fiz, mas – tal como na vida – às vezes não temos controlo total de todas as coisas necessárias a cumprir as nossas promessas. Claro que lamento profundamente ver-me agora nesta situação”, justificou-se durante o programa de rádio da BBC "Jeremy Vine Show".
Clegg, que se tornou no alvo das mais intensas críticas e fúria dos manifestantes, explicou que os Libdem tinham sido forçados a uma coligação de Governo e que o estado das finanças do país está pior do que tinha antecipado, pelo que teve que aceitar “cedências”.
Responsáveis das universidades no país entoaram alertas sobre o impacto “devastador” que pode ter um falhanço na aprovação dos planos do Governo em aumentar as propinas no ensino superior – dos actuais cerca de 3800 euros para uns sete mil ou mesmo dez mil euros anuais. Cameron quer levar este plano a voto no Parlamento ainda antes do Natal.
O director das Universidades do Reino Unido, Steve Smith, alega que sem o aumento dos custos dos cursos ter-se-á que diminuir o número de estudantes no ensino superior, uma vez que as bolsas sofrerão um enorme decréscimo.
Por Dulce Furtado in Público
in Guardian
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