domingo, 3 de maio de 2009

Ensino superior em Portugal é caro e elitista, diz estudo

Um estudo sobre o custo da frequência universitária revela que só os ingleses pagam mais que os portugueses para frequentar a Universidade. A diferença é que os portugueses são também os que menos apoios recebem face aos gastos do ensino. Comparando com o relatório de 2007 da OCDE, "Portugal apresenta o resultado mais desfavorável" no que respeita à equidade, diz Luísa Cerdeira, a autora do estudo.


A administradora da Universidade de Lisboa abordou este assunto na sua tese de doutoramento intitulada "O Financiamento do Ensino Superior - A partilha de custos", que o Diário de Notícias resume na edição de domingo. O estudo diz que os gastos das famílias portuguesas em 2005 com o Ensino Superior correspondiam a 11% do PIB per capita nacional e quantifica o custo médio anual total da frequência no ensino público em 5310 euros. E se for no privado, a situação ainda é mais difícil, já que o custo sobe 53%.

Comparando com outras realidades na Europa, torna-se mais visível a disparidade no esforço financeiro dos portugueses que conseguem entrar nas universidades. Pagamos dez vezes mais que na Finlândia, quase o quádruplo do que gastam belgas, irlandeses e suecos, e o dobro dos franceses.

A situação torna-se ainda mais grave se entrarem nas contas desta balança o apoio social escolar para quem frequenta o Ensino Superior em Portugal. Os apoios nem chegam a cobrir um quinto das despesas, uma situação que só é pior na Itália e na Irlanda.

O risco desta combinação de factores afastar as famílias pobres da frequência universitária é bem real. No inquérito que deu origem ao estudo, mais de 90% dos inquiridos pertenciam a agregados familiares com rendimentos médios e altos, tendo a autora notado que "os pais dos universitários têm habilitações significativamente mais elevadas do que o do conjunto da população portuguesa com idade análoga".

O aumento de 452% no valor das propinas entre 1995 e 2005 ajuda a explicar as dificuldades no acesso a um curso superior para as famílias pobres. E mesmo com as finanças universitárias estranguladas pelos cortes orçamentais e as novas competências, Luísa Cerdeira não encontra margem de manobra para novos aumentos, "até porque já quase todas as instituições têm as propinas no valor máximo".

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